“Se eu morresse amanhã, eu morreria feliz”


Quantos de nós podem dizer isso? Quantos de nós estamos satisfeitos com as nossas vidas, e, principalmente, com o que estamos fazendo com aquilo que nossas vidas nos ofereceram?

A maioria de nós acorda todos os dias como eu acordei hoje, com preguiça de sair da cama, apertando o botão “soneca” duas vezes. Sem vontade de atacar os problemas, de criar, de conversar com gente, de comer, de se exercitar, de curtir as melhores coisas da vida (que geralmente são de graça) e as segundas melhores (que geralmente são bem caras).

Até que um dia a gente acorda e a primeira coisa que a gente descobre é que o avião da Chape caiu. Que 75 pessoas morreram. Que entre essas 75 pessoas estavam jornalistas, quase todos os jogadores do time, toda a comissão técnica, dirigentes, além de quase toda a tripulação…

Aí, quando a gente toma esse soco na boca do estômago, a gente passa o dia inteiro vendo notícias sobre como acabou a vida dessas pessoas, sobre os detalhes do acidente, sobre as histórias de quem embarcou e de quem não embarcou. A gente lembra que o treinador era o Caio Jr., que foi treinador do Paraná Clube há 10 anos, e que quase toda a comissão técnica era de Curitiba. A gente passa o dia inteiro triste, sem foco, lamentando, pensando em como podemos ajudar a Chape, a família dos mortos, os sobreviventes… sei lá, todo mundo que tá sofrendo! A gente lembra que tem uma amiga de Chapecó, pergunta se tinha alguém próximo dela no voo, oferece um ombro amigo. A gente passa o dia pensando sobre a finitude da vida, sobre o gol que o Bruno Rangel fez no Paraná em 2013, sobre a defesa do Danilo na semana passada, sobre o Caio Jr. comemorando a classificação pra Libertadores em 2006, sobre os planos de ir à final na semana que vem.

E aí, quando a gente nem sabe mais o que pensar, o que fazer, que conclusões tirar, a gente ouve aquela frase do começo do texto. E lembra que o nosso amanhã não tá garantido, assim como o dele não tava. E que ele morreu feliz. E nós, estamos esperando o que pra poder dizer o mesmo?


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